terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Atire a primeira flor

Quando tudo parece caminhar errado, seja você o primeiro passo certo.


Se tudo parece escuro, se nada puder ser visto, 
acenda a primeira luz. 
Traga para as trevas, você primeiro, 
a pequena lâmpada.


Quando todos estiverem chorando, tente você o primeiro sorriso, 
não na forma de lábios ardentes, mas na de um coração que compreenda, 
de braços que confortem.


Se a vida inteira for um imenso não, 
parta você na busca do primeiro sim, 
ao qual tudo de positivo deverá seguir-se.


Quando ninguém souber coisa alguma, 
é você mesmo, corrigindo-se a si mesmo.


Quando alguém estiver angustiado na procura, 
observe bem o que se passa. 
Talvez seja em busca de você mesmo
que este seu irmão esteja.


Quando a terra estiver seca, 
que sua mão seja a primeira a regá-la. 
Quando a flor estiver murcha, 
seja a primeira a separar o joio, a arrancar a praga, 
a afastar a pétala, a acariciar a flor.


Se sua porta estiver fechada, 
de você venha a primeira chave.


Se o vento sopra frio, 
que seu calor humano seja a primeira proteção 
e o primeiro abrigo.


Se o pão for apenas massa, e não estiver assado, 
seja você o primeiro forno 
para transformá-lo em alimento.


Não atire a primeira pedra em quem erra, 
de acusadores o mundo está cheio. 
Nem, por outro lado, aplauda o erro. 
Ofereça sua mão primeiro para levantar quem caiu, 
dê sua atenção primeiro para mostrar
o caminho de volta, 
compreendendo que o perdão regenera, 
que é a compreensão edificada, 
que o possibilita, 
e que o entendimento reconstrói.


Toda escada tem um degrau, para baixo ou para o alto. 
Toda estrada tem um primeiro passo, 
para frente ou para trás. 
Toda vida tem um primeiro gosto 
de existência ou de morte.


Atire pois, você, com ternura e vontade de entender, 
quando tudo for pedra, a primeira e decisiva flor...

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